As práticas do Trabalho Corporal como a massagem, o yoga, a integração postural, a quiroprática ou a acupuntura, por si sós, não constituem uma modalidade de psicoterapia corporal, mas todas elas se apoiam na premissa da unidade mente-corpo e no reconhecimento do nosso funcionamento como psicossomático. Deste modo, estabelecer uma fronteira nítida do lugar onde se transita do trabalho estritamente sobre o corpo para o que já seria psicoterapêutico é contraditório com a própria base em que ambos assentam.

Tanto o trabalho corporal como as psicoterapias corporais têm em comum o objetivo de reconduzir a comunicação à sua vertente percetiva e emocional, procurando ir para além da interação verbal. Mas esta está presente na psicoterapia corporal com a mesma centralidade que tem em qualquer outra psicoterapia. Deste modo, e apesar do reconhecimento da unidade mente-corpo, é conveniente distinguir trabalho corporal (executado por um conjunto diversificado de profissionais) de psicoterapia corporal, que é do domínio da intervenção psicológica.

No trabalho corporal o objeto da intervenção é o corpo (exemplifique-se com a fisioterapia ou a massagem), enquanto a psicoterapia corporal se centra na relação. Também se trabalha o corpo, mas este é visto como um corpo-em-relação, fazendo desta modalidade psicoterapêutica uma prática de relacionamento incorporado (embodied relating). Como em qualquer outra psicoterapia, desde a clássica psicanális às cognitivo-comportamentais ou ao mindfulness, visa-se o autoconhecimento, a mobilização de recursos para a mudança e a intervenção em problemas psicológicos específicos.